Certa vez, um cabalista do século XIII foi abordado por um discípulo que queria adiantar os estágios de aprendizado e dominar a arte do "Hitbodedut" (Meditação Cabalística) e assim, atingir os novos planos de consciência, que lhe dariam acesso à incríveis poderes e reputação perante a comunidade.
"Você já se encontra em posição de equilíbrio ? ", indagou o mestre.
"Creio que sim", respondeu o discípulo.
"Quando alguém o insulta, você ainda explode ofendido?"
"Quando é elogiado ainda se vê tomado de imenso orgulho?"
O discípulo então olhou o mestre por alguns segundos, balançou a cabeça afirmativamente e então respondeu: "sim, me sinto extremamente ofendido, quando insultado e extremamente orgulhoso quando elogiado".
"Então continue praticando o desprendimento do prazer e da dor mundanos por mais tempo, como lhe ensinei. Depois volte e, eu lhe ensinarei os mistérios da meditação".
Através deste exemplo secular, percebemos que muitas vezes, na sede de satisfazer nossos desejos (muitas vezes egoístas), apressamos nosso aprendizado sem perceber que deixamos enormes lacunas de sabedoria no processo. Lacunas estas, que trariam muito mais resultado na vida, se reservássemos uma dedicação verdadeira.
Isso, porque a natureza nos ensina que tudo tem a hora certa de acontecer e se nossas aspirações são fruto de algo genuíno, não importa o que aconteça: o objetivo final será alcançado. Como os frutos têm a hora certa de amadurecer para se tornar alimento, o ser humano dedicado, também terá o seu momento de alcançar as grandes verdades.
A Ciência da Cabala, nos auxilia na transição para uma nova percepção da vida, mas isto demanda tempo, dedicação e desapego às futilidades. Não devemos desejar um conhecimento superficial, ou que seja vazio pela nossa pressa, mas uma visão clara e mais elevada de nós mesmos e do Criador.
Fraternalmente,
Rafael Chiconeli .`.
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