A parashá de Tetzavê apresenta especificações acerca do óleo da menorá, da consagração do sacerdote e de suas vestimentas. Segundo a Cabalá, qualquer tema abordado através das histórias da Torá, refere-se à experiência interior do ser humano e sua busca por conexão com a Luz do Mundo Infinito.
Na porção da semana passada aprendemos que a Menorá é uma representação da Árvore da Vida. A conexão com esta realidade constitui uma escada de ascensão e aproximação com a Luz. Quando nos colocamos na posição de menorá, temos a responsabilidade de possuir óleo puro de oliva, constituído através da vivência de nossas virtudes. A parashá fala que a lâmpada deveria ficar acesa CONTÍNUAMENTE. A luz só tem serventia em meio à escuridão do mundo.
O sacerdote é um código para um nível de consciência superior e as três vestimentas sagradas da alma são o pensamento, a palavra e a ação. Para receber a unção como sacerdote o ser humano deve permanecer dentro do tabernáculo, o espaço sagrado, onde a Menorá permanece acesa (conexão com a Árvore da Vida) para que sua vestimenta seja consagrada através de um processo de purificação e refinamento.
Outro aspecto abordado nesta semana é a questão do sacrifício (korban) oferecido no altar e que está associado à restrição ou a contração.A palavra korban vem da mesma raiz de keruv, que significa trazer para perto. Através dos “sacrifícios” nós nos preparamos para guerra contra nosso opositor interno (ego) e nos aproximamos dos mundos superiores.
Podemos fazer este exercício de contração, de manhã, de tarde e de noite através das meditações. Dentro da religião judaica esta conexão se faz através das orações, mas na Tradição Abulafiana este movimento é feito com a meditação. Este estado de recolhimento abre o espaço necessário para permitir que nossa existência seja invadida pela Luz do Mundo Infinito.
“E farás um altar para queimar sobre ele incenso; de madeira de acácia o farás”
Outro ponto levantado nesta parashá é a importância da oferta de incenso, que entre outras coisas é também um símbolo de gratidão por tudo o que recebemos. Muitas vezes, quando não estamos recebendo exatamente o que queremos, nos sentimos injustiçados e infelizes. Passamos grande parte da nossa vida focados na “falta”.
Este foco nos faz perder inúmeras oportunidades que se apresentam diante de nós.
Geralmente, desejamos receber somente o que “queremos” e neste processo de seleção, que é quase sempre dominado pelo ego, acabamos fechando o fluxo de energia que nos disponibiliza a plenitude que almejamos.
O sentimento de gratidão é uma conseqüência do entendimento. Ser grato por tudo o que recebemos significa perceber a bênção em tudo o que nos acontece e neste nível de consciência, a plenitude da Luz e o desejo de receber esta Luz coexistem em total equilíbrio.
A confiança na Luz do Mundo Infinito deve ser permanente e não pode ser afetada pelo sentimento de “falta”, mesmo porque, esta falta é apenas uma ilusão do mundo físico. A plenitude é uma realidade esperando apenas para ser revelada.
Uma particularidade desta porção é que o nome de Moisés não é mencionado nenhuma vez. Na verdade, desde o nascimento de Moisés até o final da Torá, esta é a única parashá que não consta seu nome. A Cabalá diz que esta omissão foi o resultado do que Moisés proferiu sobre si mesmo, após o pecado do bezerro de ouro:
“E agora, se perdoas seu pecado, está bem, e se não, risca-me, rogo, do Teu livro, que escreveste!”
Este é mais um exemplo dos efeitos que as palavras podem ter. A Tradição nos adverte que uma pessoa não deve falar mal até mesmo de si próprio. Ao proferir estas palavras, Moisés estava pedindo ao Eterno para perdoar o povo de Israel, imagine as conseqüências quando as palavras são proferidas com raiva e hostilidade, seja contra si, seja contra outras pessoas.
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