domingo, 28 de agosto de 2011
INICIAÇÃO EGÍPCIA 2ª PARTE
Depois das preces que vimos fazer sobre o iniciado, após haver chegado ao termo de suas provas, começa a verdadeira iniciação. Ela se fazia no interior dos templos. O novo adepto assistia às cerimônias e seu simbolismo era-lhe revelado.
Ele sabia porque Isis sentada tem um livro, porque Isis de pé,m conduz o sistro; porque Anúbis tem a cabeça de chacal e Thot a de íbis.
Começava a aprender os pequenos e grandes Mistérios de Isis.
O iniciado recebia a noção de um Deus único.
A última experiência que o devia conduzir à luz absoluta, mas esta luz não se manifesta senão àqueles que são mortos para as coisas do mundo.
Eis porque esta experiência tinha lugar em um sarcófago.
O adepto era colocado em um sarcófago aberto e devia passar toda a noite em meditação e prece. Deixavam-no inteiramente só neste leito funerário, no meio das mais expressas trevas e, apesar disso, o quadro deste abandono era de tal modo triste e sinistro que ele sentia o espanto deslizar sobre si mesmo e gelar a sua vontade. Era um momento cruel em que era necessário fazer brilhar o domínio que tinha adquirido sobre as suas impulsividades.
Dominava o seu espanto e, no silêncio absoluto, em tudo semelhante à morte, pedia a iluminação.
Certamente sentia a sua força vital abandonar o seu corpo; porém, que importa o corpo àquele que sabe que é apenas o invólucro transitório de um ser quase divino?
No Livro dos Mortos vimos que, segundo o julgamento que sucede à morte, o justo estava livre das cadeias terrestres e se identificava ao seu Deus, vindo a ser o próprio Deus, o próprio Osíris.
Era o mesmo para o sábio que passasse esta experiência do sarcófago. Isto não era a morte, mas a própria vontade do adepto que o desprendia de seus liames terrestres.
O adepto entrava vivo no túmulo e saía vivo, mas tendo penetrado antes na Luz de Osíris. É neste momento de desprendimento supremo que a revelação lhe é feita; era uma verdadeira morte; uma verdadeira renascença!
O sarcófago, sob o seu terrificante simbolismo, era encarregado de simular a morte do corpo físico e o renascimento do espírito sobre um plano superior. Era o fim do ciclo. Era uma vida inferior que terminava para que a alma pudesse romper no esplendor da verdade.
Saído logo do túmulo, na manhã desta noite mística, o iniciado renascia para uma vida espiritual mais elevada; recebia um novo nome; era iniciado em uma ordem superior. Tinha conquistado a coroa sacerdotal.
Compreendia então, perfeitamente este enigma da Esfinge, que lhe tinha dito primeiramente a necessidade de, Saber, Querer, Ousar e Calar. Tinha adquirido as ciências e, sobretudo, a ciência do invisível; a sua vontade bem dirigida, tinha vencido as suas impulsividades; sabia Ousar apesar do medo, com a medida que convém àquele que sabe combinar o seu esforço conforme os efeitos a produzir. Tinha perdido esta glória vã que conduz a revelar os segredos iniciáticos para mostrar o seu saber. Era aguerrido contra os inimigos, tanto exteriores como interiores.
A vida suprema estava começada e o iniciado compreendia agora a fórmula que o tinha surpreendido tanto no limiar dos caminhos iniciáticos:
“Quem fizer o seu caminho só e sem olhar para trás, será purificado pelo Fogo, pela Água e pelo Ar; e, se puder vencer o medo da morte, sairá do seio da terra, tornará a ver a luz e terá o direito de preparar a sua alma à revelação dos Mistérios da grande Deusa Isis”. Morto voluntário e temporariamente por um poderoso esforço de sua vontade dominada, via cair o véu de Isis, e esta inscrição também não era mentirosa. Ele não tinha tocado o véu da Deusa senão tornando-se imortal, unido a Deus desde esta vida; o véu ficava intangível à mão de todos os mortais. O livro era-lhe aberto; lia com embriagues, como o viajante que descobre uma fonte e banha o seu rosto para fazer penetrar a sua frescura no mais íntimo dos poros. Todo o véu cai diante dos olhos do espírito livre; não há segredos nem barreiras para o verdadeiro iniciado.
Apuleio, como testemunha do mistério que era exigido aos iniciados, do segredo ao qual se ligavam pela ameaça das penas mais temíveis; não era mais explícito no que concerne ao começo e ao fim da iniciação:
“aproximei-me dos limites da morte, passei junto do solo de Proserpina, e voltei através de todos os elementos. Ao meio da noite, vi o sol brilhar no seu ofuscante clarão; aproximei-me dos deuses do inferno, dos deuses do céu; eu os vi, pois, face a face, eu os adorei de perto. Eis tudo o que posso dizer, e, posto que os vossos ouvidos tenham percebido essas palavras, estais condenados a deixar de compreende-las”.
Eis aí tudo o que veio ou um pouco aproximadamente sobre as iniciações do Egito.
Pesquisas permitiram descobrir, metido na areia do deserto, a 40 metros da Esfinge de Ghizeh, um Templo de granito ou templo da Esfinge. Sobre este Templo, Al. Gayet diz: “Nenhuma inscrição; nenhuma pintura; nenhum baixo relevo; nada indica o destino deste velho santuário. Não é de se supor que isso possa ser o Templo de Osíris, mencionado no monólito de Khoufou. Era o templo de Hor-m-Khout – da Esfinge? Qual seria este Templo? Qual poderia ser o seu uso?”. Não poderia haver nisso um caso fortuito; o sacerdócio egípcio não deixava fazer coisa alguma ao acaso.
Só as escavações que continuam poderão esclarecer alguma coisa sobre os traços do mais prodigioso passado da humanidade.
Porque, como vimos, salvo as palavras de Plutarco e as insinuações de Apuleio, muito pouco nos veio dos Mistérios de Isis e de Osíris.
Muitos Gregos entre os mais ilustres, vinham estudar a sabedoria à sombra da Esfinge.
Entretanto, é verossímil que destas cerimônias iniciáticas nascessem os Mistérios de Eleusis, que Orfeu, segundo a tradição, adaptou ao gênio plástico da Grécia.
Em nossos dias, a Maçonaria afirma ter do antigo Egito as suas provas iniciáticas, reduzidas a fórmulas e símbolos que não são sem grandeza.
Em todo caso, aquele que quer vir a ser maçom deve passar pela provas do Fogo, da Água e do Ar, mesmo a da morte como o iniciado de Isis.
Outras instituições também buscaram no antigo Egito os seus rituais iniciáticos.
Em todos os tempos, os símbolos, muito idênticos, velaram os mesmos ensinamentos.
Ainda hoje, aqueles que desconhecem as origens iniciáticas, acreditam que os vários rituais que se praticam em diversas instituições são secretos e devem continuar assim. Não são secretos há mais de 3.000 anos, somente os pesquisadores e estudantes buscadores sabem que os rituais iniciáticos se originaram milênios de anos atrás, com a sabedoria vinda da China, Índia, Egito e de outros lugares como veremos em seguida.
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